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21 março, 2010

O notável regresso do Benfica europeu ... Por Vítor Serpa

Jesus não será, obviamente, o único responsável pelo regresso tão súbito quanto surpreendente do Benfica à sua maior dimensão nacional e internacional, mas se é possível e até desejável, porque justo, ligar os últimos sucessos do FC Porto ao trabalho minucioso e honesto de Jesualdo Ferreira; e se é internacionalmente aceite a responsabilidade directa de Mourinho nos anos de ouro de Porto, Chelsea e, agora, Inter, também, já será tempo de reconhecer o indiscutível mérito de Jorge Jesus nesta espantosa ascensão, verdadeiramente meteórica do Benfica.
Há muito que os benfiquistas sofriam dolorosamente na espera, que chegou a parecer eterna, do regresso do seu clube à condição de grande na Europa. Pior ainda quando, nessa longa via sacra do desespero, não podiam deixar de reconhecer, no rival portista, um género de projecção, nos novos tempos, do prestígio e da classe internacional que, outrora, o Benfica tinha sabido conquistar.

Ao longo de muitos anos, foi, de facto, o FC Porto quem assumiu, sozinho, essa pesada responsabilidade e ninguém ousará dizer que tenha decepcionado. Pelo contrário. Dizem os portistas — e com inteira razão — que foram, e por muito tempo, a única imagem da elite do futebol português, apenas acompanhados pela elevada qualidade da Selecção Nacional que em toda a primeira década do século XXI não falhou uma única fase final, tanto de Europeus, como de Mundiais.

Com o relançar de um Benfica competitivamente forte, no início desta época, e logo com resultados assinaláveis na competição interna, duvidava-se que a tal feito correspondesse, desde logo, a recuperação da classe e, sobretudo, da personalidade própria às grandes equipas internacionais.

Dirão alguns, provavelmente mais confiantes e até optimistas, que o Benfica já tinha dado provas de que era legítimo esperar-se o regresso a uma grande equipa europeia. Afinal, resultados retumbantes, como o dos 5-0 ao Everton ou o 4-0 ao Hertha, davam sinais claros. A prova dos nove seria, porém, a eliminatória com o Marselha, um dos mais fortes representantes de um futebol que acabava de qualificar duas equipas nesta fase adiantada da Champions.

O Benfica passou com distinção. Uma demonstração indiscutível de poder e de classe, acabando por vencer — como diria Mourinho — por ter sido a melhor a equipa do princípio ao fim da eliminatória, muito especialmente, nesta segunda jornada marselhesa, onde foi totalmente dominador.

Ora, não deixando que se estabeleça a injustiça de se esquecer a importância fundamental dos jogadores — são, afinal, eles que ganham os jogos — é, igualmente, essencial que se assinale o trabalho, a todos os títulos, notável de Jorge Jesus. Ele é, de facto, o verdadeiro special one do novo Benfica europeu.

Num país que sempre teve dificuldade em reconhecer o mérito, sobretudo quando se trata de valorizar gente nacional, é ainda mais importante que se diga, com toda a clareza, que as vitórias, ao contrário das derrotas, têm sempre muitos rostos, mas há uns que são importantes e outros que são decisivos. O de Jorge Jesus é, de facto, decisivo neste regressado Benfica. Foi ele quem melhor o sonhou e quem realizou a obra.

In ABola

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