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08 janeiro, 2010

Entrevista a Saviola.....Revista Mística








«À margem do dia passado com Saviola, a Mística encontrou o astro argentino em pleno Caixa Futebol Campus e pôde constatar as ambições do jogador relativamente à nova fase da sua carreira.


O que encontraste no Benfica?
Um grupo de companheiros que me surpreendeu pela positiva, tanto em termos futebolísticos como profissionais. Temos vivido bons tempos juntos, jogando bem, e isso também é complementado pelo facto de estar a gostar de viver em Lisboa. Sinto-me adaptado, cómodo e feliz na equipa.



Assim se explica a boa carreira que o Benfica tem levado a cabo...
O mais importante foi ter encontrado um grupo de jogadores de um grandíssimo nível. O Benfica está a fazer um campeonato muito bom. Sabemos que temos de continuar assim para lograrmos os nossos objectivos, mas temos a ilusão de ganhar títulos este ano pelo que estamos a conseguir fazer.



O que mais te surpreendeu até agora no Benfica?
Chegar aos campos e ver tanta gente do Benfica. Da Suíça ao Canadá e em todos os jogos da Liga... tudo me surpreendeu. Chegar no autocarro e ver tanta gente a apoiar-nos é realmente uma experiência muito particular. E isso faz-nos render ainda mais, pois sabemos que temos apoio incondicional de toda a gente.


É verdade que disseste que desde os tempos do River Plate que não vias uma tamanha paixão por um clube?
Sim, comparo o Benfica ao River nesse aspecto. O Real e o Barça podem ser enormes, mas eu sempre disse que dificilmente se vive um clube de forma tão intensa como se vive na Argentina. E isso eu vim encontrar no Benfica, o que também me ajuda a ter ganas e ilusão de poder terminar a temporada como campeão.


Esta é uma massa adepta que está a ver-te jogar com regularidade. Trata-se de uma aposta ganha?
É importante jogar. Coloquei a mim mesmo o desafio de jogar com regularidade para que me pudesse sentir útil tanto para os companheiros como para o corpo técnico. Estou a consegui-lo. Isso deixa-me feliz, pois estou acima do rendimento que tive nos últimos anos.


Qual a real importância de Jorge Jesus neste regresso aos teus melhores dias?
Tem sido muito importante. Ele dá-me confiança para me libertar na frente. E eu gosto de andar em terrenos mais recuados em busca da bola e de poder surgir de rompante na área. Aliás, tem sido importante para todos os jogadores. Não só para mim. Deu identidade à equipa. Com Jesus, quando entramos em campo sabemos que vamos jogar da nossa forma e com o pensamento na vitória.


Jorge Jesus tem algo de especial...
Sim. É um técnico que sempre busca o melhor de cada jogador. Ele inspira confiança e trata de , em cada partida, nos fazer dar os cem por cento. Além disso, trata-nos a todos por igual. Isso é o que mais conta para nós.


Tal como para Aimar, que pareceu arredado do seu melhor mas que está de volta à selecção argentina, acreditas que o teu dia está a chegar?
Um jogador quando tem qualidade e passa tantos anos na Europa é porque vale algo. Ele passou pelas melhores equipas do mundo, tal como eu. E acho que estamos num bom momento das nossas carreiras. Estamos a desfrutar, podemos mostrar o nosso futebol às pessoas. E é isso que queremos. Sabemos que não temos 17 ou 19 anos como tínhamos no River, mas ainda podemos dar bem mais do que estamos a dar.


Que diferença entre essa dupla do River e esta que agora se reencontra?
Agora somos muito mais experientes. Agora, como antes, cada vez que entramos no campo tratamos de nos divertir, pois a vida de futebolista é curta e tentamos sempre desfrutar do jogo. Talvez a diferença maior tenha a ver com o facto de que antes tínhamos "ganas" de mostrar ao mundo do futebol quem éramos. Agora já temos outra experiência e penso que isso nos ajuda até em termos mentais. A nossa ambição é que os benfiquistas possam desfrutar do nosso futebol. É o nosso novo objectivo de carreira.



O que se prolongou ao longo do tempo, sem interrupções, foi a vossa amizade...
Nunca perdemos o contacto. É que temos uma amizade que vem de longe. Em adolescentes, eu vivia em Buenos Aires e ele tinha deixado os pais para ir jogar para a cidade. Ele era meu amigo e estávamos sempre juntos. Comia e dormia lá em casa e dava-se muito bem com a minha família. O que é certo é que anos depois, quando vivemos fases menos boas, sempre conversávamos e desejávamos voltar a jogar juntos. Quando lhe disse que havia a possibilidade de poder vir para o Benfica, a sua alegria foi imensa. Foram dez anos de caminhos diferentes e é muito lindo que possamos voltar a jogar juntos.


Rui Costa teve sempre uma inabalável confiança em Aimar e também mostrou o mesmo em relação a ti. Isso pesou na decisão de rumares ao Benfica?
Sim, tanto o Rui Costa como os técnicos e o Aimar, que me deu referências, foram importantes na decisão. O Rui tinha muita vontade que eu viesse e isso pesou bastante. No mundo do futebol sabemos que um jogador, por vezes, tem lesões ou não está bem. Hoje o Benfica está bem, mas pode vir a ter momentos difíceis. Todos sabemos que é assim no futebol. Há que desfrutar quando as coisas estão bem, mas ainda mais quando nos querem e confiam em nós. Isso vale mesmo muito.


Acreditas que poderemos ver o melhor Saviola de sempre na Luz? Maior ainda do que o de Camp Nou ou do Santiago Bernabéu?
Sim, podemos ver o melhor Saviola de sempre. Eu trabalho para chegar ao máximo nível físico. É isso que mais me interessa, pois estive muito tempo sem jogar e quando não existe continuidade não é fácil que o corpo volte à normalidade. Sou muito perfeccionista. Busco a perfeição física para que depois venha ao de cima o melhor Saviola.


Em duas frases, como explicas racionalmente a forma como consegues colar a bola ao pé?
[Risos] Pode trabalhar-se em muitas coisas, mas a forma de jogar é aquela com que se nasce. Sempre joguei da mesma maneira e assim será sempre. É o meu estilo.


Estilo, mas também resquícios de um início de carreira no futsal...
Sim, joguei futsal cerca de sete anos desde muito novo. Todos aqueles que jogaram futsal sabem o quão difícil é encontrar espaços. Há que definir rapidamente. Isso ajuda-nos depois num campo maior.



Já que falamos de futsal, ficou na retina a tua presença num importante jogo do Benfica...
Foi uma experiência muito bonita. Tinha acabado de chegar e o Rui Costa perguntou-me se queria ir ver o jogo. Fiquei espantado com o fervor com que as pessoas o viveram. Nunca tinha visto tanta intensidade num pavilhão a ver um jogo de futsal.


Um jogo em que Ricardinho deu nas vistas. E em que parecias muito atento...
Gosto sempre de ver quem joga bem. Gosto de analisar. A partir de determinado momento, perguntei quem era o "10" e disseram que era o Ricardinho. Surpreendeu-me pela forma rápida de jogar e de definir as jogadas. Desfrutei muitíssimo com o seu estilo de jogo.


Gostavas de o encontrar numa "quadra"?
[Risos] Sim, entre amigos claro que gostava. Ele chamava os seus amigos e eu chamava os meus. Seria divertido...


Vamos lá esclarecer uma coisa. Sempre que arriscas um movimento mais técnico...não tens medo de trincar a língua?
Não. Não tenho medo... [Risos] A minha mãe mostra-me sempre fotos de igual forma, ou seja, com a língua de fora. E se não meter a língua de fora é porque não estou a jogar bem. Que hei-de dizer...


Agora mais a sério. Sempre que marcas um golo, apontas aos céus. Ao teu pai...
Sempre dedico os golos ao meu pai. Ele é um deus que está a ver-me. Tento fazer as coisas bem para ele, pois foi muito importante na minha vida.


Que importância, ao certo?
Adorava futebol e o que mais queria era que eu me divertisse. Era humilde, respeitador e soube educar-me da melhor forma. Isso foi e é muito importante para mim.»


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